ATA DA TERCEIRA REUNIÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 11-01-1990.

 


Aos onze dias do mês de janeiro do ano de mil novecentos e noventa reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Terceira Reunião Ordinária da Segunda Comissão Representativa da Décima Legislatura. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Artur Zanella, Ervino Besson, Gert Schinke, Giovani Gregol, Isaac Ainhorn, João Dib, José Alvarenga, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Valdir Fraga, Vicente Dutra e Wilton Araújo, Titulares, e Dilamar Machado, Edi Morelli, Flávio Koutzii, Jaques Machado, João Motta e Leão de Medeiros, Não Titulares. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Ervino Besson que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, 01 Indicação; pelo Ver. Dilamar Machado, 02 Pedidos de Providências; pelo Ver. Valdir Fraga, 06 Pedidos de Providências; pelo Ver. Vieira da Cunha, 04 Pedidos de Providências. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nos 1030; 1031; 1032; 1035; 1036; 1037; 1039; 1034; 1038; 1033; 1043; 1044; 1045; 1046; 1047/89; 01; 16; 18/90, do Sr. Prefeito Municipal; 492; 495/89, do Gabinete do Governador; 03/89, da Associação de ex-Prefeitos do Estado do Rio Grande do Sul; 1011/89, da METROPAL/RS. Foram distribuídas em avulsos a Ata da Reunião de Instalação da Segunda Comissão Representativa e as Atas Declaratórias da Primeira e da Segunda Reuniões Ordinárias, que deixaram de ser votadas em face da inexistência de “quorum” deliberativo. Ainda, foram apregoados o Oficio nº 25/89, do Sr. Prefeito Municipal e o Pedido de Autorização nº 11/89 (proc. nº 3347/89). A seguir, constatada a existência de “quorum”, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Adroaldo Corrêa, solicitando que o período de Comunicações da Reunião Ordinária do dia oito de março do corrente ano seja dedicado a homenagear o “Dia Internacional da Mulher”; que o Grande Expediente da Sessão Ordinária do dia trinta de abril do corrente ano seja dedicado a homenagear o “Dia do Trabalho”; que o período de Comunicações da Sessão Ordinária do dia vinte de novembro seja dedicado a homenagear o “Dia Internacional da Consciência Negra”; do Ver. Antonio Hohlfeldt, solicitando que seja manifestada a solidariedade desta Casa à Professora Diana Noronha, pelo constrangimento a que se viu forçada por aluno da FAPA, ante o exercício de sua cátedra; do Ver. Artur Zanella, de Votos de Congratulações com o Dr. José Asmuz por ter sido eleito Presidente do Sport Club Internacional; com pessoas relacionadas em anexo ao Requerimento, por terem ganho o destaque do ano do Jornal do Comércio; com pessoas relacionadas em anexo ao Requerimento, por terem sido agraciados com o Prêmio CEAPIA—OLVEBRA; com Eugênio Machado, por ter completado quarenta anos como funcionário da Exprinter; com Wianey Carlet, por ter recebido o “Prêmio Único para Programa Especial”, pelo Programa Dia da Criança; com Jussara Marchand, por ter recebido o Prêmio Jornalismo do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, pela reportagem “Somos 500 milhões de miseráveis” com Tok Comércio do Vestuário Ltda., por ter recebido o Troféu Lojista do Ano Iguatemi 1989; com o Gov. Pedro Simon, pelo recebimento do Prêmio Galo de Ouro e indicação como Patrono da Premiação ABAP; com os relacionados em anexo ao Requerimento, pelo recebimento do Troféu Integração, oferecido pela ABAP; com os vencedores da Medalha de Mérito Industrial 1989; com os Jornalistas Miro Bacin; Luiz Guimarães, por terem recebido o Prêmio Ari de Jornalismo, respectivamente na Categoria Reportagem Esportiva e Categoria Crônica; de Voto de Pesar pelo falecimento da Profª Martha B. Menezes; do Ver. Cyro Martini, solicitando que seja manifestada a solidariedade desta Casa ao Departamento de Trânsito do Estado e ao Conselho Estadual de Trânsito do Estado, em virtude da promoção da Semana Preventiva de Trânsito; solicitando que seja enviado ao Governador do Estado Pedido de Informações acerca das Polícias Civil e Militar; de Moção de Solidariedade desta Casa a Schneider Papel Embalagem Ltda., em virtude da publicação, na imprensa, do “A Pedido” Um Grito de Alerta; de Moção de Solidariedade à Escuderia Inspetor de Polícia Irani Bertelli, em virtude da criação da mesma; de Votos de Congratulações com o Ten. Cel. PM Antônio Carlos Maciel Rodrigues, por assumir o comando do 11º Batalhão de Polícia Militar; com a Schell do Brasil S/A, pela promoção “Educação para o Trânsito - Segurança para a Turma Toda”; com Leila Weber, pela cobertura que realiza no Jornal do Comércio; de Moção de Solidariedade ao Sindicato dos Servidores da Polícia Civil, à Associação dos Comissários de Polícia e à União Gaúcha de Policiais Civis, em virtude do posicionamento que vêm adotando com relação, principalmente, à baixa remuneração do policial civil, do policial militar e do agente da SUSEPE; solicitando que seja manifestada a solidariedade desta Casa à Empresa Brasileira de Transportes Urbanos, em virtude de seu plano de renovação da frota de ônibus do País, com o emprego de gás combustível, e à Federação dos Condutores Autônomos de Veículos Rodoviários do Estado, em virtude do pleito da Entidade em favor do uso do gás natural nos táxis gaúchos; solicitando que seja encaminhado ao Governador do Estado Pedido de Informações acerca da prevenção de acidentes de trânsito em Porto Alegre; do Ver. Edi Morelli, de Voto de Congratulações com o Grupo Hospitalar Conceição, pela inauguração do Pronto Socorro Zona Norte; do Ver. Elói Guimarães, de Voto de Congratulações com Julio Cesar Felippe, Presidente, e demais pessoas relacionadas em anexo ao Requerimento, por terem sido eleitas para formarem a nova Diretoria do Lindóia Tênis Club; do Ver. Flávio Koutzii, de Moção de Repúdio junto ao Governo dos Estados Unidos da América, pela invasão do Panamá; do Ver. Gert Schinke, solicitando que seja manifestada solidariedade desta Casa ao GAPA (Grupo de Apoio à Prevenção da AIDS) em atuar junto à rede hospitalar, no sentido de garantir aos pacientes portadores do vírus da AIDS, o acesso a leitos hospitalares, quando necessário, rejeitando qualquer atitude discriminatória contra essas pessoas; de Votos de Congratulações com o GAPA, pela passagem do Dia Mundial da AIDS; com a nova Diretoria da SARGS, Sociedade de Agronomia do Rio Grande do Sul, pela posse da mesma; do Ver. Giovani Gregol, de Moção de Apoio desta Casa aos estudantes da PUC que sofreram “desligamento” (expulsão) desta Universidade, ao mesmo tempo que se manifeste favorável à revisão da sentença e desligamento, por parte da Reitoria, este Requerimento foi encaminhado à votação pelos Vereadores Giovani Gregol e João Dib; do Ver. Isaac Ainhorn, solicitando a realização de uma Sessão Solene em data a ser estabelecida, em homenagem aos noventa anos do Colégio Estadual Júlio de Castilhos; de Votos de Congratulações com a ABES, Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, pela posse da Diretoria eleita para o biênio 89/91; com os relacionados em anexo ao Requerimento, por suas posses na Diretoria do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado do Rio Grande do Sul; com a Empresa Jornalística Caldas Júnior, pelo lançamento da Campanha de Humanização do Centro de Porto Alegre; com o Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul, pela posse da nova Diretoria; com o Eng. Leônidas Isdra, pela posse como Presidente do Conselho Deliberativo da Associação Israelita; com o Dr. Jacob Halperin, pela reeleição na Presidência da Associação Israelita por mais um biênio; com a Associação Riograndense de Imprensa, pela passagem de seu aniversário; de Votos de Pesar pelos falecimentos de Nelson Seligman; de Santo Tasca; do Ver. João Dib, de Votos de Congratulações com o Sr. José Benedicto Ledur, por ocasião do término do mandato à frente da SOGIPA; com o Dr. Aroni Becker e demais novos integrantes da Diretoria, por suas posses como Presidente da SOGIPA e como Diretores da Sociedade; de Votos de Pesar pelos falecimentos de Antonieta Martins Futuro; de Braz Amantéa; de Victor Rodrigues; de Clemente Cifali; do Ver. Leão de Medeiros, de Voto de Congratulações com EMPROL - Administração e Participações Ltda., pelo lançamento da II FENALEITE; do Ver. Luiz Machado, de Voto de Congratulações com o CPERGS, Centro dos Professores do Estado, pela Emenda ao Orçamento Estadual, dirigindo quinze milhões de cruzados novos para o Distrito Industrial da Restinga; do Ver. Mano José, de Votos de Congratulações com a Cia. Zaffari de Supermercados, pela inauguração do Hiper Zaffari Zona Sul; com o Clube de Mães São Luiz, pela passagem do seu aniversário de fundação; de Votos de Pesar pelos falecimentos de Gessy Coromaldi; de Julieta Hanisch; do Ver. Nelson Castan, solicitando que o período de Comunicações da Sessão Ordinária do dia dezenove de setembro do corrente ano seja dedicado a homenagear o Ano Novo Judaico (Rosh Hashaná); solicitando que seja realizada, dia vinte e nove de maio do corrente ano, uma Sessão Solene dedicada a homenagear a Independência do Estado de Israel; solicitando que seja realizada, dia vinte e seis de junho do corrente, uma Sessão Solene dedicada a homenagear a Entidade Comunitária Israelita Brasileira, em razão do aniversário da instituição; solicitando que seja realizada, dia três de abril do corrente ano, uma Sessão Solene dedicada a homenagear o Sport Club Internacional, pela passagem de seu aniversário; solicitando que seja realizada, dia sete de agosto do corrente ano, uma Sessão Solene dedicada a homenagear a categoria dos Rodoviários, pela passagem de seu dia; do Ver.Omar Ferri, de Moção de Repúdio à criminosa omissão, por parte do Governador do Estado do Pará e de seu governo, quanto à apuração de responsabilidades em relação ao crime organizado naquele Estado da Federação; de Votos de Congratulações com os Repórteres de Zero Hora Gilberto Jasper Júnior, Nilson Mariano, Juarez Tosi, Carlos Wagner, Antonio Augusto Noronha Pinto, Eunice Jaques, Edgar Vasques, Mauro Mattos, Paulo Dias, Roberto Kovalick e equipe RBS-TV, Maria Elena Ruduit e equipe da TV Educativa e Nelcira Nascimento, pelo recebimento do Prêmio ARI de Jornalismo; com o Jornalista Flávio Alcaraz Comes, pelo recebimento do Prêmio ARI de Jornalismo, pela entrevista com o Dep. Carlos Araújo sobre o roubo do cofre de Adhemar de Barros; com o chargista Celso Schröder, pelo recebimento do Prêmio ARI de Jornalismo; do Ver. Valdir Fraga, de Votos de Congratulações com a Associação Atlética Trienon; com o Glória Tênis Clube; com a Associação dos Locadores de Veículos Rodoviários de Porto Alegre; com a Associação Beneficente dos Estivadores Aposentados de Porto Alegre, pela passagem de seus aniversários de fundação; com Suzana Aguiar dos Santos; com Madalena Rossler, por suas posses, respectivamente, frente à Presidência e à Coordenadoria Municipal de Porto Alegre do Conselho Geral de Clubes de Mães; do Ver. Vieira da Cunha, de Voto de Congratulações com os Deputados Porfírio Peixoto e Algir Lorenzon, pelas suas respectivas posses na condição de Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado; do Ver. Wilton Araújo, de Voto de Congratulações com o Soldado Andréia Regina Gonçalves e Medianeira, da Cia. Feminina da Brigada Militar, pelo bom atendimento prestado ao Sr. José Vasconcelos, ferido no tumulto ocorrido em Porto Alegre no último dia vinte e quatro; de Voto de Pesar pelo falecimento de Ângela Araújo Ferreira. Após, foi aprovado o Projeto de Decreto Legislativo nº 01/90 e o Requerimento do Ver. Adroaldo Correa, solicitando que este Projeto seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Ainda, foi aprovado Requerimento do Ver. Nelson Castan, solicitando que seja convidado o Sr. Prefeito Municipal a comparecer a esta Casa, visando esclarecimentos sobre as intervenções nas Empresas Trevo e VTC e a decretação da falência da Viação Belém Novo. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. João Dib falou sobre a decretação de falência da Empresa Belém Novo, dizendo ser ela resultante de uma situação criada a partir de mil novecentos e oitenta e seis, através do não repasse, pela Cia. Carris Porto-Alegrense, de recursos devidos a essa Empresa, em face da tarifa do transporte coletivo na Cidade ser social e não real. O Ver. Adroaldo Correa reportou-se ao pronunciamento do Ver. João Dib acerca do sistema de transporte coletivo da Cidade, destacando as visões diferentes da questão observadas entre aquele Vereador e a Bancada do PT. Avaliou os resultados obtidos até agora pela intervenção do Executivo Municipal em empresas prestadoras deste tipo de serviço. O Ver. Nelson Castan comentou os motivos que o levaram a encaminhar à Casa Requerimento solicitando a presença do Prefeito Municipal para esclarecimentos acerca da situação hoje observada no transporte coletivo da Cidade. Discorreu sobre a decretação da falência da Viação Belém Novo, dizendo que a mesma é um fato evidenciador do estado de “caos” para o qual se encaminha o transporte urbano de Porto Alegre. E o Ver. Cyro Martini discorreu sobre “a pedido” publicado pela imprensa, a respeito da difícil situação da Polícia Civil do Estado, principalmente quanto aos baixos salários recebidos por esta categoria. Solicitou a inserção deste “a pedido” nos anais da Casa. Falou sobre manifestações, à imprensa, do Gov. Pedro Simon, acerca dos movimentos reivindicatórios da classe policial. Os trabalhos estiveram suspensos por dez minutos, nos termos regimentais. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às onze horas e trinta minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga e Lauro Hagemann e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Adroaldo Correa. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Abertos os trabalhos, passamos aos Requerimentos.

Requerimento de autoria do Ver. Giovani Gregol, de Moção de Apoio desta Casa aos estudantes da PUC que sofreram “desligamento” (expulsão) desta Universidade, ao mesmo tempo em que se manifeste favorável à revisão da sentença de desligamento, por parte da Reitoria. Em votação o Requerimento. (Pausa.) Encaminha o Ver. Giovani Gregol, que tem a palavra.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tivemos a oportunidade, a pedido do Diretório Central de Estudantes e de vários diretórios acadêmicos daquela universidade, de apresentar um Requerimento de Moção que esta Casa discutiu, analisou e aprovou, de solidariedade a vários estudantes que estavam sendo impedidos de colar grau após concluírem todas as suas disciplinas dentro da Universidade, cumprirem, enfim, todo o currículo, estavam sendo impedidos de se formarem, de entrarem no mercado de trabalho, de saírem da universidade, inclusive. E eu quero dizer que aquela posição, correta, serena, desta Casa, ajudou que naquele caso a Reitoria retrocedesse e esses alunos vieram a se formar, aqueles sete estudantes, mas não contentes com aquela situação, e que a Reitoria, através de manifestação oficial da Câmara Municipal de Porto Alegre, da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, de várias autoridades, personalidades, entidades de todo o tipo, inclusive de defesa dos Direitos Humanos, a mesma Reitoria agora vem simplesmente a expulsar da Universidade inclusive um aluno daqueles já formados e que será impedido de receber o seu diploma em função da expulsão.

São os estudantes: Paulo Renato Cardoso Soares, Oliveiras Domingos Marques, Paulo Leivas, Nilson Garcia, Ricardo D’Ávila, Jorge Betiol, João Alberto Araújo Menini. Alguns deles estavam naquela lista, daqueles que mesmo cumprindo todas as exigências legais estavam impedidos de se formar, inclusive as exigências do Estatuto e do Regimento Interno da Universidade. E não é à toa, Srs. Vereadores, que vários desses estudantes são lideranças, sim, estudantis. Aqui, nós temos um ex-presidente, dois diretores do Diretório Central de Estudantes, pessoas que têm enfim, trabalhado, que têm batalhado junto com os seus companheiros estudantes, e nós aqui já fomos estudantes e sabemos o que é isso, têm batalhado pelos seus interesses e por uma Universidade mais democrática, o que não é um anacronismo, como estão vendo. Porque realmente é de espantar que a uma década do ano 2000 uma Pontifícia Universidade Católica, e eu estudei muitos anos em colégios católicos e dizem – pelo menos essa é a doutrina da igreja - que querem formar um mundo de homens de boa vontade, com participação, com democracia, e por isso não é possível que toda a comunidade seja atacada através desse ato, desse tipo de repressão medieval. Só estão faltando as fogueiras e talvez alguns, se pudessem, as fariam reacender: porque a essência do ato repressivo está aqui.

Por que expulsar estudantes que não estavam fazendo outra coisa senão reivindicar seus direitos? Por que ter um discurso e uma prática antagônica? Por que expulsar dirigentes que foram legitimamente, democraticamente eleitos para ocupar cargos de direção no diretório central da entidade? Por que expulsar estudantes que, inclusive, já foram aprovados no último semestre letivo, compareceram às aulas, realizaram as provas, mostraram que dominam os conteúdos e, agora, através desse ato autoritário, estão tentando impedir que se formem.

Reafirmo que toda a comunidade universitária, não só da PUC, e a nossa própria consciência democrática que se encontra atacada, ultrajada, nesse sentido. A Moção, como os Srs. Vereadores podem verificar ao lê-la, têm uma redação não agressiva, porque entendemos que, nessa situação, se trata de solicitar de forma enfática, dura, mas respeitosa, àquela Reitoria que não pratique esse ato ilegal e antidemocrático, que deixem essas pessoas saírem da Universidade, já que, segundo a Reitoria, estão lhe incomodando, e deixem se formarem, já que cumpriram todas as exigências legais e regimentais, e dialoguem com os estudantes; que se divergências têm que resolvam essas divergências com esses estudantes e com o movimento que esses estudantes representam de forma democrática, discutindo, discordando, encontrando outras formas que não sejam simplesmente o rompimento do diálogo, o ato antidemocrático, o ato autoritário, que não fazem jus aos tempos que estamos vivendo hoje no Brasil. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encaminha, pelo PDS, o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou encaminhar contrário à pretensão do Ver. Giovani Gregol. Antes desse Requerimento do Ver. Giovani Gregol, um dos Vereadores da Casa solicitou, sem que houvesse destaque, solidariedade para uma professora que estava impedida por alunos ao livre exercício do Magistério e o Ver. Giovani Gregol falou em democracia, participação, ato autoritário, ato ilegal... Eu fui aluno de colégio lassalista, depois fui aluno do Colégio Júlio de Castilhos.

O que nós vivemos neste mundo, neste País é uma crise de autoridade, é uma crise de responsabilidade. Só se fala em democracia sem lembrar que democracia significa respeitar o seu semelhante também. Não existe democracia sem hierarquia e sem disciplina. Não existe democracia sem respeito. E se o ato é ilegal, tem a justiça. Não se pode esperar de universitários - pessoas que, no mínimo, se admite que pensem, saibam falar - que não dialoguem, que partam para a violência, que segurem professores, que detenham professores e que tomem medidas enérgicas, muito enérgicas. Essas não são autoritárias. Essas não são da inquisição, porque, evidentemente, o aluno tem direito de fazer. Não, o aluno tem que apreender a respeitar, porque enquanto nas nossas universidades, nas nossas escolas, os nossos alunos não forem ensinados que democracia é respeito, os nossos dirigentes também não nos respeitarão. Porque esses alunos é que vão nos dirigir amanhã. E eles têm que apreender que respeito é indispensável, que diálogo é importante, que eles estão na escola dentro de uma elite que o País tem pouca, que tem oportunidade de freqüentar uma universidade e, teoricamente, de serem cultos, teoricamente, de serem responsáveis. Não, nós ficamos aqui, a Câmara Municipal de Porto Alegre, os Plenários de todos os Legislativos votando moções de repúdio, de contrariedade a atos que não são senão exercício da autoridade, que não são senão exercício de quem é responsável pela disciplina. E nós somos contrários a que alguém exija disciplina, que exija hierarquia, que exija respeito?

Eu vou solicitar aos ilustres colegas que meditem, que pensem. Nós queremos que os nossos filhos sejam responsáveis. Nós queremos que os nossos filhos se integrem à sociedade, respeitando os humildes e os fortes. Não estabelecendo diferenças entre ninguém. Nós temos que saber que o professor é a figura mais importante das nossas vidas. Tem o médico, tem o engenheiro, tem o arquiteto, tem o advogado, tem o Vereador, tem o Deputado, o Senador, tem o Presidente da República, mas tudo isto só existe porque antes dele teve uma figura que se chamava “professor”. Aquele que nos ensinou a ler e escrever, aquele que nos orientou na seqüência do ler e escrever, a todas as outras matérias, que nos deu formação profissional e que merece o nosso respeito.

Eu não queria que acontecesse o que aconteceu com os jovens estudantes da PUC. Mas de repente o exemplo também faz bem. E aqueles que iam ser diplomados o foram, sem problema nenhum. Eu acho que é chegada a hora de quem toma atitudes assuma a responsabilidade de ter tomado, quem comete um crime sabe que pode ser preso, sabe que pode ser punido. E se houve uma expulsão, no meu tempo de ginásio eles davam semanalmente um cartão: cor de rosa, excelente; verde, bom; amarelo, sofrível; branco, mau. Três semanas de cartão branco durante o ano, era a expulsão do ginásio, porque a pessoa não se enquadrava, e eu acho que nós éramos mais responsáveis. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

(Obs.: Foram aprovados os demais Requerimentos constantes na Ata.)

 

O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, estamos aguardando Projeto de Licença do Prefeito e Requerimento do Ver. Nelson Castan encaminhado ao Protocolo. Vamos suspender a Reunião para aguardar a chegada do Projeto.

(Suspendem-se os trabalhos às 10h25min.)

O SR. PRESIDENTE (às 10h40min): Estão reabertos os trabalhos da presente Reunião. Solicito ao Sr. 1º Secretário proceder à verificação de “quorum”.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada para verificação de “quorum”.) Nove Srs. Vereadores responderam a chamada.

 

O SR. PRESIDENTE: Há “quorum”.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 0053/90 – PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 001/90, que solicita autorização para o Sr. Prefeito Municipal afastar-se do Município, no período de 12 a 30/01/1990, sem ônus para o Município.

 

Parecer:

- da Comissão Representativa. Relator Ver. Adroaldo Corrêa: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PDL nº 001/90 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Sobre a mesa, Requerimento de autoria do Ver. Adroaldo Corrêa, solicitando seja o PDL nº 001/90 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Passamos ao período de

 

COMUNICAÇÕES

 

Com a palavra o Ver. Wilton Araújo, desiste. Wilson Santos, ausente. Vicente Dutra, ausente. Valdir Fraga, desiste. Omar Ferri, ausente. Luiz Braz, desiste. Lauro Hagemann, desiste. José Alvarenga, ausente. João Dib...

Com a palavra o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, faliu a empresa Belém Novo e por que faliu? Porque foi mal gerida pelos seus proprietários, como disse o Secretário Municipal dos Transportes, que havia lá um descalabro administrativo? Não é verdade. Se a empresa Belém Novo durante mais de duas décadas conseguiu crescer, ser bem administrada, não era provável que de uma hora para outra a coisa degringolasse, porque os empresários eram os mesmos: competentes, corretos, dignos, decentes. Então, algo estava errado e o que foi? É que a empresa Belém Novo foi espoliada, foi fraudada pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre desde 1986. Desde 1986, dinheiro que deveria ser remetido à Belém Novo ficou em outras mãos, dinheiro que era propriedade da Belém Novo ficou em outras mãos, dinheiro que era pago pelo povo de Porto Alegre, ficou em outras mãos. Desde 1980, Porto Alegre tem uma tarifa social, desde a Administração Guilherme Socias Villela. E esta tarifa social fazia com que alguns munícipes pagassem a mais pelo transporte coletivo de Porto Alegre para permitir que outros pagassem menos. É o caso da Restinga. Uma viagem à Restinga, hoje, com a tarifa de 2,80 centavos, que representa 2.233% a mais do que os doze centavos de fevereiro do ano passado, e de fevereiro do ano passado até hoje a inflação é l.030%. Num quilômetro rodado na linha da Restinga, a Belém Novo recebe menos de 5,00 cruzados novos. Num quilômetro rodado na linha Auxiliadora, a Carris recebe mais de 25,00 cruzados novos. De quem é o dinheiro? Mas, desde 1986, este dinheiro não foi repassado. A Prefeitura, fraudulentamente, desonestamente, tem retido este dinheiro.

E o Secretário Antonio Hohlfeldt, ao deixar Prefeitura, numa carta de amigo ao Prefeito, dizia deste problema, de equacionar e examinar este problema. Portanto, a Carris vem cobrando a mais há quatro anos, fraudando a Belém Novo e o povo, já que os cálculos tarifários não lhe permitiriam as tarifas que tem. Os cálculos tarifários não lhe permitiriam os cálculos excessivos que tem, e esta Câmara aprovou recentemente 13 milhões de cruzados de auxílio à querida Carris. E o Prefeito Olívio Dutra fala em encampar a Sopal, numa Administração incompetente que não sabe gerir o sistema de transporte coletivo, naquelas empresas que estiveram sob intervenção. E a Belém Novo foi fraudada também pela Administração Popular, não só naquele dinheiro que a Carris ficou, mas também com aquele que a Trevo e a VTC, Transporte Cavalhada, não repassaram pela incompetente Administração, e o Secretário dos Transportes administrou a Trevo e também não repassou o dinheiro que competia à Belém Novo.

E, hoje, o Secretário, numa entrevista, disse que houve um descalabro administrativo. Descalabro administrativo é o que está sendo feito em matéria de intervenção no transporte coletivo urbano, em que ISSQN não é pago, INAMPS não é pago, mas que tem mais 230 funcionários na Trevo e tem mais 300 na Sopal, e não estamos oferecendo à população porto-alegrense nenhum transporte melhor. E essa Administração pensa em fazer outra Carris, porque a Sopal é maior que a Carris, para que nós tenhamos que sustentar mais gente. A Carris também empregou mais 100 do que tinha antes.

Então, é passível que se pense bem, esqueçam a história da encampação. É possível, agora, nestas viagens que o Prefeito irá fazer a São Paulo, que ele comece a pensar e veja a história da Cidade: encampamos a Carris para não permitir que a tarifa passasse de 50 para 80 centavos; medida primeira: passa para um cruzado. E a empresa, espoliadora, empresa americana, deixou uma herança maravilhosa para a Prefeitura: desde 1972 nós pagamos 200 funcionários da Carris pela Prefeitura, com salários de marajás, deve ter funcionários da Carris que ganham mais do que eu, com 34 anos de serviço na Prefeitura Municipal - e que não tem nenhum título. Mas, porque encampamos a Carris, vamos pagar por ela o resto da vida? Encampamos também a Empresa Sol, na Zona Sul, e fizemos o DATC, que depois se transformou em DTC e integrou a SMT, mas aí veio um gênio de Administrador, José Loureiro da Silva, mandou levantar, analisar e deu um ano de prazo. Passado um ano de prazo se verificou que era absolutamente inviável. Custava, para a Prefeitura, naqueles anos de 1960/1961, um déficit de cerca de trezentos milhões de cruzeiros anuais. O que é isso? Era o custo orçado da Hidráulica do Menino Deus. Custo orçado da Hidráulica do Menino Deus para transportar menos de 5% da população de Porto Alegre, e sem responsabilidade.

Nós vamos assumir mais no transporte coletivo e quem fiscaliza a Prefeitura? A Carris foi campeã de multa, segundo informações da SMT. Mas será que ela pagou? Nós tivemos a Divisão de Transportes Coletivos, nós fiscalizávamos, é verdade, eu era o responsável por essa fiscalização, mas nunca vi pagarem multas. E quando faltavam horários, e dezenas de horários, e sem mais nada, ficou por isso mesmo. Então, o transporte se faz com planejamento, fiscalização e tarifa justa. E planejamento se faz conhecendo; fiscalização se faz planejando, e tarifa justa se faz planejando e fiscalizando.

Não vou discutir a tarifa. Disse agora, há poucos minutos, que em fevereiro do ano passado eram doze centavos e hoje são Cz$ 2,90. O Sr. Prefeito teimosamente diz que as tarifas cresceram menos do que a inflação. Cresceu de doze centavos para Cz$ 2,80, então são 2.233%. A inflação do ano foi de 1760%. Agora, retirem os 70% de janeiro e passa para uma inflação de 1.030%. Então, para uma inflação de 1.030% a tarifa cresceu 2.233% e o transporte está mal. Nem estou dizendo que a tarifa seja justa, é porque para operacionalizar um sistema de transporte tem que ter competência, tem que saber racionalizar. Nós temos mais ônibus em Porto Alegre do que o necessário, e está faltando, porque não estão sabendo operacionalizar o sistema.

É possível que essas férias do Prefeito façam com que ele raciocine, pense, porque eu sei que ele ama a Cidade, esqueça a encampação, esqueça a intervenção, que o Ver. Nelson Castan está pedindo explicações e que provavelmente nós tenhamos aqui. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Adroaldo Corrêa.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quero dizer que não passou despercebido pela Bancada do PT a observação feita pelo Ver. João Dib desta tribuna, mas também dizer que nossos conceitos são, de alguma forma, diferenciados. No nosso entender, há mais ônibus na Carris, temos uma linha nova, a TC 6, temos alguns serviços a mais, ônibus novos em algumas empresas. E, com clareza, nós temos uma avaliação diferenciada de gastos e pessoal da que faz aqui da tribuna o Ver. João Dib, qual seja: nas empresas em que foi feita a intervenção, até hoje, nós temos uma política com relação aos trabalhadores, que significou em função disso a ampliação do quadro, de eliminar aquilo que os trabalhadores chamam de ato criminoso, da dupla pegada. Quando, para trabalhar uma jornada inteira, em face das proibições legais, dividiam em dois turnos, com intervalos até de quatro horas, quando ficam, não à disposição da empresa, mas com tempo livre de intervalo de quatro horas, e que agora fazem a jornada de seis horas corridas. Isto, no nosso ponto de vista, é um avanço social.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Este aparte é para dizer a V. Exª que todo o informe direto que a Administração Popular distribuiu, a Viação Teresópolis-Cavalhada deve estar de parabéns, porque ela diminuiu o número de funcionários, portanto deveria funcionar rigorosamente dentro da Lei, agora a Carris tinha esses cem a mais e nos primeiros meses do ano passado não tinha ainda a linha e outras coisas que estão acontecendo agora.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Até em função da intervenção que gerou os problemas sociais nas empresas, em que houve um enfrentamento por longo período e muitos carros da Carris foram deslocados para suprir a ausência propositada de trabalhadores que, aliados da não-intervenção, fizeram um boicote no início e os problemas foram graves, o quadro se manteve e foram posteriormente aplicados na ampliação da linha, em outubro.

Mas eu creio que o conjunto das respostas às preocupações do Ver. Nelson Castan e principalmente às levantadas pelo Ver. João Dib deve ser dado na convocação aprovada por nós ao Sr. Prefeito ou ao seu representante à época em que for aqui chamado pela Mesa, pela Câmara de Vereadores. Era o que tínhamos a depor sobre o tema.

Era para dizer isso que nos inscrevemos. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A palavra com o Ver. Nelson Castan.

 

O SR. NELSON CASTAN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o encaminhamento feito por nós de um Requerimento aprovado para a presença nesta Casa do Sr. Prefeito Municipal ou de quem esteja no exercício da Prefeitura tem razões bastante fundamentadas, bastante sérias. É evidente que a situação do transporte coletivo em termos gerais é grave em nossa Cidade e o último episódio vem a mostrar, vem a provar exatamente o que estamos dizendo: a decretação da falência da empresa Belém Novo impõe sobre o Executivo Municipal uma responsabilidade muito grande porque normalmente as empresas de ônibus, os permissionários já são monitorados pelo poder concedente, é uma obrigação do poder concedente, e no momento em que vemos uma empresa que estava concordatária há mais de seis meses, que estava sendo administrada conjuntamente por seus proprietários e por um comissário indicado pelo juiz da Vara de Falências e Concordatas e que estava sendo acompanhada de perto pela fiscalização da Secretaria Municipal de Transportes, no momento em que uma empresa nestas condições é levada à falência, nós temos o temor fundado de que não só esta empresa esteja falindo, mas também o sistema de transporte coletivo da cidade de Porto Alegre.

A pergunta que me faço é: como que as autoridades competentes do setor permitiram que uma empresa nesta situação, onde lá dentro estava o representante da Justiça, o representante do poder concedente, como é que é permitido a ela que chegue a esta lastimável situação de ver sua falência decretada? Não estamos aqui falando de algo provocado pelos proprietários da Viação Belém Novo, o pedido de falência foi dado baseado no depoimento do comissário que hoje é o síndico da massa falida, Dr. Cláudio Fetter, advogado, homem de confiança da Justiça, que deu seu depoimento ao Juiz da Vara de Falência, e baseado nesse depoimento é que o Juiz decretou a falência da Empresa Belém Novo.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu li nos jornais de hoje que o Judiciário tentou um contato com o Executivo e não foi possível e, portanto, teve que tomar as decisões baseado nos autos apenas, sem nenhuma informação a mais, que caberia ao Prefeito ou Secretário dos Transportes.

 

O SR. NELSON CASTAN: Ver. Dib, esta informação que V. Exª acrescenta é perfeitamente correta. Nós, na tarde de terça-feira, às l7h15min, recebemos, em nosso gabinete, na condição de Presidente da Comissão de Transportes da Câmara, a visita do Sr. Edgar Pinheiro e do Dr. Oscar Trindade, o primeiro, proprietário da Viação Belém Novo, e o segundo, advogado daquela empresa. Vieram aqui nos comunicar o fato que havia ocorrido um pouco antes, da decretação da falência da empresa. Relataram-me que, ao longo do dia, desde as 11h, tentaram contatos o Sr. Prefeito, com o Secretário de Transportes, que se dispôs a atendê-los no final da tarde, e apesar da situação emergencial que queriam tratar, não foram atendidos.

Posteriormente, o próprio Juiz da Vara de Falência e Concordatas, o próprio síndico da massa falida, tentaram contato novamente com a Prefeitura Municipal, tentaram contato com a Procuradoria-Geral do Município e, novamente, não foram atendidos. A Justiça não foi atendida, por um simples telefonema, que cabe à Assessoria do Prefeito, ou avaliar ela própria, ou então não descartar, de imediato, uma situação como esta, mas, antes, ouvir a autoridade maior que estivesse lá no Gabinete, para avaliar a situação. Eles sabiam da situação crítica por que a empresa estava passando.

 

O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Gostaria de salientar que nós procuramos saber, quando ouvimos a informação atribuída a V. Exª pela primeira vez na imprensa de que a Justiça e os proprietários da empresa haviam procurado a Administração e não haviam sido recebidos, se a informação era de fato verdadeira. Recebemos do Prefeito, do Secretário dos Transportes e do Procurador a informação de que não chegaram a ser solicitados para esta audiência que V. Exª referiu. Portanto, são duas versões que nós esperamos ver esclarecidas na convocatória do Prefeito.

 

O SR. NELSON CASTAN: Ver. Adroaldo Corrêa, acho que estamos levando essa questão ao limite, só poderíamos resolvê-la ou saber de toda a verdade, de toda a circunstância, fazendo uma acareação, que acho não ser o caso. Louvo-me na palavra do síndico da massa falida que me telefonou, uma vez que ele passou a ser uma pessoa que está envolvida diretamente na questão, pois é o gestor da empresa Belém Novo. Não vejo da parte dele qualquer interesse em desmoralizar a Administração Municipal, mas simplesmente relatar um fato gravíssimo, se verdadeiro.

 

O Sr. Adroaldo Correa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Acho que não seria preciso a acareação, até porque não cabe ao Legislativo fazer uma acareação, ao menos em Plenário. Perguntaria a V. Exª se quando foi procurado pelo proprietário da empresa e pelo síndico da massa falida, se V. Exª fez algum contato com a Prefeitura ou tentou alguma mediação como, normalmente, ocorre em outros assuntos, quando Vereadores tentam, junto com a comunidade, a mediação junto à Administração.

 

O SR. NELSON CASTAN: Confesso a V. Exª que não fiz esse contato porque, quando tomei conhecimento da notícia, o fato já estava consumado. Concordo com V. Exª que o contato seria produtivo se eu tivesse essa informação antecipadamente. Mas, voltando à questão do Requerimento aprovado pela Casa, à parte a Belém Novo, que é o fato mais sério, estamos frente...

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Dilamar Machado cede seu tempo a V. Exª.

 

O SR. NELSON CASTAN: Agradeço ao Ver. Dilamar Machado. Então, dentro deste contexto que estamos vivendo na questão do transporte coletivo de Porto Alegre, não é só a Belém Novo que evidencia as dificuldades e a ameaça de caos no transporte coletivo de Porto Alegre. Não queremos aqui ser os arautos de dificuldades, os arautos dos fracassos de decisões administrativas do Poder Público Municipal, mas queremos, novamente, não é a primeira vez que vimos nessa tribuna, queremos novamente fazer um alerta, esse é o nosso papel como Vereadores, as empresas, seja a Sopal que está em processo, em tentativa de encampação, seja a VTC ou a Trevo, estão em dificuldades operacionais, em dificuldades econômico-financeiras muito graves e a coisa tem uma natureza cumulativa. E até que ponto é lógico? Qual é o sentido das ações sucessivas da Prefeitura Municipal com relação a essas empresas? Temos em nosso poder um parecer da Assessoria Técnica Parlamentar, que entende como uma necessidade, como uma obrigação legal do Sr. Prefeito enviar a esta Casa Legislativa Projeto de Lei para que a Câmara analise as novas ou renovadas intervenções nas empresas VTC e Trevo.

De acordo com a Lei nº 6.557, aprovada e assinada pelo Presidente da Câmara Municipal no dia 29/12/1989, passou a ser uma obrigação do Executivo submeter a esta Casa todas as intervenções no transporte coletivo. Nós consideramos que estas renovações feitas no dia 28 de dezembro, um dia antes, curiosamente um dia antes, sabendo o Executivo que esta Casa ia derrubar o Veto aposto à Lei nº 6.557, como de fato derrubou, a Prefeitura se antecipe um dia, quem sabe para criar aí uma dificuldade jurídica, uma filigrana, em que pudesse se apoiar para não enviar este Projeto de Lei. Nós estamos aqui antecipando esta possibilidade. Acreditamos que o Prefeito será sensível a isto e que enviará a esta Casa este Projeto de Lei. Mas, de qualquer maneira, esta é a nossa preocupação. E acho que esta questão da observância, do respeito à Lei nº 6.557 e do respeito do Executivo a esta Casa Legislativa também está em jogo. É esta a questão que nos moveu a encaminhar à Mesa, a encaminhar ao Plenário e, felizmente, ver aprovado este Requerimento convidando o Prefeito Municipal a aqui comparecer. Já está agendado, através do assessor de imprensa da Bancada do PT, com a concordância do Presidente Valdir Fraga, a presença do Vice-Prefeito que assume hoje ou amanhã, nesta Casa, na quarta-feira que vem, dia 17, às 09h30min.

Tem outro aspecto que gostaria de jogar para avaliação dos Srs. Vereadores, que é a própria renovação das intervenções, que é uma questão à parte da obediência ao Projeto sancionado pelo Presidente Valdir Fraga, a Lei nº 6.557, que é o sentido, a propriedade jurídica de, após esgotado o período do primeiro decreto de intervenção, a sua renovação.

Esta é uma outra questão, independente da anterior. É uma outra questão pelo seguinte: quando o poder concedente fez, inicialmente, a intervenção nas empresas, foi alegado que essas intervenções estavam ocorrendo devido a abusos, incúria ou conduta delituosa dos permissionários. Em síntese, esta a justificativa. Muito bem, se isto justificou as primeiras intervenções feitas em fevereiro de 1989, há quase um ano e, a partir de agora, elas não podem ser novamente invocadas, porque agora, durante esse período, quem esteve ou quem está na gestão das empresas é o próprio Município, é o próprio poder concedente. Então, estamos frente a uma situação inusitada. É como se o poder concedente pedisse prorrogação para avaliar seus próprios abusos, incúria ou conduta delituosa, porque era ele quem estava na gestão das empresas. Então, sob que justificativa a Prefeitura Municipal prorrogou essas intervenções? Alegavam, também, que queriam chegar à realidade tarifária. Pois tiveram onze meses de conhecimento dentro do transporte coletivo de Porto Alegre; e será que não é tempo suficiente para juntar meia dúzia de números e calcular a tarifa dos ônibus da Cidade?

 

O Sr. Adroaldo Correa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Na Trevo parece até hoje que não temos os documentos do histórico financeiro anterior à intervenção. E é o mesmo tempo que a Administração tem para avaliar o desempenho e que os administradores anteriores não apresentaram a documentação necessária, balanços e coisas do gênero. Então, as dificuldades estão parte a parte, concorrendo, e talvez não devêssemos ficar na avaliação apenas de pretensas dificuldades na administração, mas decorrentes do serviço de como ele vinha sendo prestado à população de Porto Alegre.

 

O SR. NELSON CASTAN: Aceito essa ponderação do Vereador, mas não entendo e repudio qualquer dificuldade que os empresários ainda possam estar oferecendo à Prefeitura Municipal na gestão das empresas. Acho que temos duas questões: uma, um boicote operacional, e sabemos que não existe mais; hoje, a Prefeitura tem o pleno poder sobre todas as áreas das empresas sob intervenção ou encampação. Então, ficamos numa questão jurídico-burocrática, como resolver esta pendência de documentos, balanços, etc., que ainda não foram encaminhados? É uma questão que coloco, digamos, em aberto, uma vez que eu não tenho conhecimento de quais documentos ou o que precisamente de papel que está faltando.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, quero dizer que V. Exª tem toda a razão quando diz que em onze meses, mas eu diria em onze dias eu faria qualquer cálculo de tarifa de qualquer empresa, sem nenhum problema, mas quanto à alegação do Ver. Adroaldo Corrêa, tenho a impressão, certeza mais do que impressão, de que o diálogo com a Administração Popular é extremamente difícil, porque o empresário é tratado como um bandido, como um pária da sociedade e que não tem direito ao seu patrimônio e até não recebe o pró-labore que lhe é assegurado de direito e, se recebe, não é reajustado. Então, o difícil é dialogar, porque a Administração Popular monologa, só é certo aquilo que ela deseja.

 

O SR. NELSON CASTAN: Então, para concluir, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, deixo novamente aqui a minha preocupação com o futuro do transporte coletivo em Porto Alegre. Como está, nós podemos afirmar com toda a segurança que temos dias negros, dias difíceis, dias da mais extrema dificuldade para os usuários do transporte coletivo de Porto Alegre. E mais, a Administração Popular, o PT, daqui a um ano, dois anos, quando estiver próximo o final do seu mandato, terá que explicar ao povo de Porto Alegre por que estará deixando uma sucata como frota de ônibus, porque os empresários, da maneira que está sendo conduzida a coisa, gostemos deles ou não, eles não irão renovar a sua frota, porque nenhum empresário, com medo de dificuldades na gestão das suas empresas ou com medo de que seu patrimônio seja retirado, seja empresário de ônibus, seja qualquer outro capitalista, nenhum deles fará investimento. Daqui a dois anos, a idade média da frota de Porto Alegre, que já tem hoje nove anos, estará quase no limite de treze anos e esta Câmara será levada à situação constrangedora de ter que prorrogar a idade dos veículos, colocando em risco a população de Porto Alegre por pura omissão e falta de visão estratégica da Administração Popular. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Cyro Martini.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, venho a esta tribuna para promover dois registros. Em primeiro lugar destacar o apedido divulgado pela imprensa no dia de ontem a respeito da situação dos policiais e da Polícia Civil no Estado do Rio Grande do Sul. O apedido procura esclarecer de modo taxativo a respeito da situação salarial e a respeito da estrutura organizacional, de pessoal e de outros aspectos pertinentes à Polícia Civil. Nós vemos neste “apedido” que o Governo Pedro Simon vem se caracterizando como um contumaz descumpridor da Constituição no que concerne às vantagens e direitos do funcionalismo, em flagrante desrespeito ao que estabelecem os artigos 37, X, da Constituição Federal, e 33, § 1º da Constituição Estadual. O Governo do Estado encaminhou mensagens de aumentos salariais com índices diferenciados, em épocas diferentes, não figurando em nenhuma delas a Polícia Civil e a classe penitenciária. E por aí segue esse “apedido” a respeito do qual nós pedimos a inserção nos Anais desta Casa, ficará registrado para o futuro nos assentamentos da Câmara Municipal de Porto Alegre este “apedido” e que diz de modo veemente e claro a posição do Governador, contrária, adversária até, de uma política de segurança mais compatível com os anseios dos sul-rio-grandenses e dos porto-alegrenses de um modo específico.

Nós estranhamos esta posição, porque esperamos que o Governador sempre corresponda às aflições da gente do Rio Grande do Sul e de Porto Alegre. Entretanto, vemos que o Governador em matéria de funcionalismo público tem sido muito distante daquilo a que faz jus o funcionalismo de um modo geral, especificamente o funcionalismo policial, que tem visto, ao longo desses anos sofridos para a Polícia Civil, para os policiais, o governo do ilustre rio-grandense Pedro Simon.

Mas uma outra coisa sobre a qual também, um outro aspecto sobre o qual queremos nos reportar, diz respeito à manifestações do Governador Pedro Simon, promovida na Rádio Gaúcha, no dia 30 de dezembro, portanto do mês de dezembro passado, e que foi publicada na imprensa no jornal Zero Hora, no último dia do ano passado. Nestas declarações registradas na imprensa, nós pinçamos várias inverdades. Incrível, mas numa reportagem que não é muito longa, nós tivemos a oportunidade de verificar várias inverdades, estas foram levantadas por mim pessoalmente. Uma delas, sobre ela eu gostaria de deixar também registrado nos Anais desta Casa, para que o Governador Pedro Simon, possa, talvez, no futuro, quando não tiver mais nada a fazer, lê-las com calma e verificar que ele faltou com a verdade. Nesse aspecto, “o que houve no meu Governo é que não fiz perseguições”. Ora, se fui vítima de uma perseguição dele, assim como os demais delegados de quarta classe foram vítimas dessa perseguição, nós não podemos ficar calados, eu sou obrigado a vir aqui e de público dizer que eu não consigo entender que um Governador que nos fez trabalhar mais de um ano para não sermos expulsos da Polícia Civil, depois de ter trabalhado quase 30 anos naquela organização, vem de público dizer que nunca perseguiu ninguém. Ele está faltando com a verdade, ele não está se lembrando, porque aquele que dá não se recorda, mas aquele que apanha sempre se lembra. E nós estamos lembrados perfeitamente do trabalho que tivemos mais de anos na Assembléia Legislativa, tentando fazer com que uma injustiça não recaísse sobre nós, a pretexto da revolução do movimento de 1964, de algumas medidas não muito condizentes adotadas na área da Polícia Civil, queriam expulsar todos os delegados de quarta, é igual a uma perseguição abominável sob todos os aspectos, e eu não consigo entender, então, por que o Governador Simon vem aqui dizer que nunca perseguiu, fora outras perseguições, fora outras medidas inusitadas, o Chefe de Polícia era delegado de terceira classe e ele queria guindá-lo a essa condição, para tanto o que ele fez? Simplesmente rasgou o Regulamento de promoções da Polícia Civil e promoveu um delegado, ainda inexperiente, à condição de Chefe de Polícia, daí por que, hoje, vimos essa polícia toda desorganizada, indisciplinada, atrapalhada, procurando ela mesma encontrar soluções para os seus problemas, porque não dispõe de uma direção à altura e experimentada.

Então, eu deixo bem claro: o Governador que mais perseguiu dentro da Polícia Civil chama-se Pedro Simon. E ele tem o caradurismo de afirmar na Rádio Gaúcha e através do jornal Zero Hora que não, que o que não fez no seu Governo foram perseguições, quando exatamente o que ele fez, e tem feito, são perseguições exatamente dentro da Polícia Civil, com toda a clareza que vimos transparecer nos nossos órgãos de comunicação social.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero dizer a V. Exª que a sua preocupação em torno da segurança e de Polícia da nossa Cidade é extremamente procedente.

Vejamos: na semana retrasada, estivemos, eu estive, pelo menos, dessas 14 horas, pelo menos 12, com um cadáver, pois um vizinho faleceu. O corpo ficou por 14 horas sem ser recolhido. Então, estivemos conversando com diversos policiais militares, e um deles me colocou que ganha, salário de dezembro, II classe, quatro anos de trabalho, Cz$ l.347,11. Esse valor é insuficiente para um homem que é responsável pela nossa segurança. Não tem condições, não tem o mínimo de bom senso, de se levantar e ir assumir o seu trabalho de segurança. E o que se ouviu dentro das Polícias Militar e Civil? Se continuar essa política de ordenado aos policias responsáveis pela nossa segurança, a evasão, num curto espaço de tempo, será extremamente grande. Amanhã ou depois não teremos policias, aliás, já, hoje, a nossa segurança está no caos. Mas, da maneira como está, se o Governo não tomar uma providência séria e urgente, a nossa Cidade brevemente estará num caos maior ou à sorte de cada indivíduo, porque, com um ordenado desses, me perdoem os responsáveis, mas não é possível um homem trabalhar dignamente. Muito obrigado

 

O SR. CYRO MARTINI: Fico grato pelo seu aparte, pelo esclarecimento bastante elucidador a respeito da matéria sobre a qual estamos tratando.

Justamente, se nós fôssemos falar sobre todos os aspectos pertinentes à segurança, teríamos que incluir a Polícia Civil e o sistema penitenciário do Estado, também neste “apedido” sobre o qual nos referimos há pouco, além da Brigada Militar, e dizer que só não entram em falência total em virtude das pessoas que compõem essas corporações e que colocam, acima do seu salário, o seu brio, a sua vocação profissional. É por isso que ainda temos uma polícia que realiza um trabalho satisfatório, não à altura daquilo que merecem os rio-grandenses, os porto-alegrenses, mas um trabalho razoável com os minguados recursos que são postos à disposição da segurança, de um modo geral. Isso é uma matéria que necessita ser tratada com mais vagar, numa outra oportunidade. Fizemos o nosso registro sobre o “apedido” divulgado, ontem, pela imprensa e que trata do esclarecimento a respeito do movimento de greve dos policiais civis e dos agentes penitenciários do Estado, assim como, também, das inverdades proferidas pelo Governador Pedro Simon, na imprensa, no dia 31 de dezembro, ocasião em que tive oportunidade de destacar que foi o Governador que mais perseguiu dentro da polícia e ele disse que não, faltando totalmente com a verdade. Sou grato.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, encerro a presente Reunião.

 

(Levanta-se a Reunião às 11h30min.)

 

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